Pinturas de Guerra
Deitaste-me sobre o frio e nu pedestal, decerto em honra de algum Deus há muito revogado pelos seus bárbaros seguidores. O chão tremeu, e eu tremi por dentro, e temi, por ti, por mim e pelo Deus desconhecido…Os olhos pesaram-me como as pedras usadas para erguer as pirâmides de Gizé, e a escuridão invadiu-me, seguida de perto pelo desespero que tinha degolado a esperança…a temeridade pelo misterioso Deus cresceu, a par do desejo pelo poder, caí num mar de mãos que me fizeram dançar de um lado para o outro, fui fantoche nas mãos dos céus, cantei desvairadamente aos quatro ventos, perdi-me em bússulas que rodavam sem parar com o meu Norte sempre a mudar. Acabei virado para Este, virado para o mar, o salgado invadiu-me a boca, regorgitei algas e sonhos despedaçados pelos Colossos do tempo que habitam em ti, ao estrebuchar de nojo parti as ampulhetas da putrefacção intemporal do templo obscuro vestido de musgo verde inveja…a loucura abandonou-me e acordei..tinha acabado de nascer. Acabado de nascer no ceio dum povo de brutalidade bestial, obrigado a nascer homem feito, atirado no regaço de seda da guerra, pois a guerra é como uma donzela, veste-se de mentiras do mais puro tecido…
Faziam pinturas uns aos outros, usavam a sua tinta, do seu sangue e do das suas presas, num ritual rodopiante de côr os corpos dos guerreiros tornaram-se nas verdadeiras telas, Dedos pincelavam com ferocidade, a tinta respingava, não fazia eco ao cair no chão, não deitava qualquer cheiro, mas emanava um respeito selvagem e indomável. Os homens levantaram-se, ollhos de puro fogo ardente postos nos céus, decerto que não adoravam Deus algum, não, estariam era a desfiá-lO a atrever-se fazê-los perder, banhados em arrogãncia e irracionalidade partiram, o céu cobriu-se de sangue e as nuvens choraram pela loucura dos homens, dos demónios e a minha própria loucura, desafortunado por ter nascido neste sítio, neste tempo…
Mais tarde, as pinturas lavaram-se, as pinturas quase que cravadas como estacas na pela foram tiradas, o sangue removido da nossa pele, mas os desenhos insidiosos desenhados pelo pecado não saem tão facilmente, já seco enxugueime de preces para tentar esbater a tinta do pecado em mim e nos outros.
"Fazes pinturas de guerra que eu nao sei apagar."
Faziam pinturas uns aos outros, usavam a sua tinta, do seu sangue e do das suas presas, num ritual rodopiante de côr os corpos dos guerreiros tornaram-se nas verdadeiras telas, Dedos pincelavam com ferocidade, a tinta respingava, não fazia eco ao cair no chão, não deitava qualquer cheiro, mas emanava um respeito selvagem e indomável. Os homens levantaram-se, ollhos de puro fogo ardente postos nos céus, decerto que não adoravam Deus algum, não, estariam era a desfiá-lO a atrever-se fazê-los perder, banhados em arrogãncia e irracionalidade partiram, o céu cobriu-se de sangue e as nuvens choraram pela loucura dos homens, dos demónios e a minha própria loucura, desafortunado por ter nascido neste sítio, neste tempo…
Mais tarde, as pinturas lavaram-se, as pinturas quase que cravadas como estacas na pela foram tiradas, o sangue removido da nossa pele, mas os desenhos insidiosos desenhados pelo pecado não saem tão facilmente, já seco enxugueime de preces para tentar esbater a tinta do pecado em mim e nos outros.
"Fazes pinturas de guerra que eu nao sei apagar."
2 Comments:
"...ao estrebuchar de nojo parti as ampulhetas da putrefacção intemporal do templo obscuro vestido de musgo verde inveja..."
Muito bom el Cabrita, muito bom.
Gostei. "Mais tarde, as pinturas lavaram-se, as pinturas quase que cravadas como estacas na pela foram tiradas, o sangue removido da nossa pele, mas os desenhos insidiosos desenhados pelo pecado não saem tão facilmente, já seco enxugueime de preces para tentar esbater a tinta do pecado em mim e nos outros."
É que é mesmo isto!
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