A sombra, a luz e o mar
Sabia-me bem o ar marítimo, inspirei mais uma vez, o sabor a sal invadiu-me os sentidos, mas isso não chegou para afastar as preocupações. Nunca foi minha intenção embarcar nesta vida de pecado e deboche, onde a honra e a crueldade estava apenas separadas pelo cordão umbilical da ganãncia. E agora, pessoas inocentes e amáveis iriam sofrer, não aguentaria ver o seu mundo luminoso e radiante ser obscurecido pelo negrume do seu alcance. Gostava dele, não era boa pesssoa, se bem que arguto, sabedor, não era boa pessoa, mas eu gostava dele. Mas a ganãncia movia-o mais que carvão num comboio, inda por cima sem o agradável apito que de vez em quando ressoa pelos carris fazendo competição com os passarinhos. Não, teria que os avisar, e que o céu caisse, que o mar se inundasse de mil gotas do meu sangue por tal traição, mas ele já se tinha traído ao deixar se cair no fosso da ambição, sem sequer ter levado uma corda consigo para subir caso ficasse preso, ou um mapa caso se perdesse. Não, teria que os avisar, e num precioso instante, num momento crucial e insignifcante saltei borda fora.
Fui invadito pelo sal da água do mar, nadei, nadei até os músculos me arderem, e depois nadei um pouco mais. Busquei energia no recetáculo do meu ãmago, no bálsamo da minha mente e alimentei-me da sua raiva para comigo com faca e garfo para conseguir chegar a terra, ele já se aproximava, no seu barco, ali, ao lado do mastro, do enorme mastro que se afigurava insignificante ao lado do pirata, ribombando de raiva. Corri para casa dos amáveis senhores, avisei-os da tempestade, falei-hes da bonança e levei-os a um abrigo…durante o terror as trevas foram nossas companheiras, boas companheiras, afugentaram o medo e declararam guerra aos pesadelos e tormentos…
Depois acabou tudo, a boa gente voltou para casa, e eu mais uma vez mergulhei no sal cristalino, e mais uma vez nadei para lá das fronteiras da exaustão, tornei-me clandestino nas reservas de força que nem sequer sabia existir em mim, na esperança de me juntar mais uma vez ao navio do pecado, ilha viandante da liberdade, para que mais uma vez as trevas andassem de mão dada com a luz como boas amigas de infãncia.
Fui invadito pelo sal da água do mar, nadei, nadei até os músculos me arderem, e depois nadei um pouco mais. Busquei energia no recetáculo do meu ãmago, no bálsamo da minha mente e alimentei-me da sua raiva para comigo com faca e garfo para conseguir chegar a terra, ele já se aproximava, no seu barco, ali, ao lado do mastro, do enorme mastro que se afigurava insignificante ao lado do pirata, ribombando de raiva. Corri para casa dos amáveis senhores, avisei-os da tempestade, falei-hes da bonança e levei-os a um abrigo…durante o terror as trevas foram nossas companheiras, boas companheiras, afugentaram o medo e declararam guerra aos pesadelos e tormentos…
Depois acabou tudo, a boa gente voltou para casa, e eu mais uma vez mergulhei no sal cristalino, e mais uma vez nadei para lá das fronteiras da exaustão, tornei-me clandestino nas reservas de força que nem sequer sabia existir em mim, na esperança de me juntar mais uma vez ao navio do pecado, ilha viandante da liberdade, para que mais uma vez as trevas andassem de mão dada com a luz como boas amigas de infãncia.