Conto dum negrito
Os seus passos não ecoavam no chão, estava ao ar livre, e o chão era areia árida, tropeçou nalguma coisa, os olhos fecharam-se ao bater com a cabeça. Começou a tremer com palpitações fervosas, cravou as unhas na areia, as unhas sujas, gastas da guerra contra a morte, a luta pela vida. Já não comia há quatro dias, sentia a barriga vazia, a cada inspiração era como se garras de ferro o cortassem de dentro para fora, a sua boca tão seca que ao menor moximento os lábios abriam-se em sangue que gotejava para o chão, deixando um rasto carmesim enquanto se arrastava, tentou levantar-se, tombou, o último tombo da sua mísera vida. Caído em cima do seu próprio sangue, de olhos fechados que nem na morte encontraram tranquilidade, descobre-se uma nova cor para a vergonha, o vermelho, cor do sangue dos inocentes.
Á volta todos viram a cara, apenas mais um. Aí dá-se um rugido interior, toda a multidão o sente em conjunto, como se o próprio Diabo lhes tivesse inflamado as esvíceras com ferro ardente clamando por vingança. Como uma só a multidão ergue-se, pessoas que ainda nem há segundos se conseguiam levantar sentem-se invadir pelo que muitos dirão mais tarde era a fúria de Deus.
Alheio a tudo isto, vem o chefe do reino, descansado no seu carro debruado a ouro, sai para fora do carro, uma benção no miúdo que morreu decerto que acalmará o faminto povo. Força um sorriso a substituir o seu esgar de nojo perante o mar andrajoso com que se depara, de repente tudo fica preto, a multidão está em cima dele...
Num último clangor nos seus corações ao ver o sorriso do homem que saiu do carro, dá-se a insurreição, a racionalidade cai por terra, é assim que os animais se sentem...engraçado, a cor do sangue do demónio é da mesma cor que a do inocente...
Hoje morreu um tirano, mas não será amanhã que a tirania perecerá...
Á volta todos viram a cara, apenas mais um. Aí dá-se um rugido interior, toda a multidão o sente em conjunto, como se o próprio Diabo lhes tivesse inflamado as esvíceras com ferro ardente clamando por vingança. Como uma só a multidão ergue-se, pessoas que ainda nem há segundos se conseguiam levantar sentem-se invadir pelo que muitos dirão mais tarde era a fúria de Deus.
Alheio a tudo isto, vem o chefe do reino, descansado no seu carro debruado a ouro, sai para fora do carro, uma benção no miúdo que morreu decerto que acalmará o faminto povo. Força um sorriso a substituir o seu esgar de nojo perante o mar andrajoso com que se depara, de repente tudo fica preto, a multidão está em cima dele...
Num último clangor nos seus corações ao ver o sorriso do homem que saiu do carro, dá-se a insurreição, a racionalidade cai por terra, é assim que os animais se sentem...engraçado, a cor do sangue do demónio é da mesma cor que a do inocente...
Hoje morreu um tirano, mas não será amanhã que a tirania perecerá...